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quinta-feira, março 29, 2007

Dust. A outra face de um Ramone.



Quem conhece os Ramones e teve a oportunidade de vê-los vivos e ao vivo, sabe que o deboche e a despretensão de ser uma banda séria eram suas marcas registradas. Mas, pelo menos um dos membros desta família já teve um trabalho centrado, longe do playground musical que foi o Ramones. O sobrevivente Marky Ramone, já foi um dia Marc Bell. Com este nome Marc, foi batera do hoje cultuado e procurado Dust, nos primórdios dos anos 70. Tendo como vocalista e guitarrista Richie Wise (hoje produtor), o baixista Kenny Aaronson e Kenny Kerner como letristra e manager da banda, o Dust lançou apenas dois discos (“Dust”com um som mais hardrock e mais pesado e “Hard Attack” com um pé no lirismo do rock progressivo, com direito a uma balada espetacular" I've been Thinkin'".) e entrou para a história. Ouvindo Dust hoje não é difícil imaginá-lo brigando de igual para igual com nomes reinantes da época, como Black Sabbath, Led e Deep Purple. Isso, claro, se o Dust tivesse sobrevivido aos dois primeiros albums. Os vocais de Wise são limpos e poderosos e ornam perfeitamente com o fantástico baixo de Aaronson (Ouça a linha de baixo em “How many horses” de Hard Attack.) e a bateria cheia de firulas de um Marc (Ou seria Mark?) inspiradíssimo. A questão que fica no ar é: teria Marc cansado do Dust e ter resolvido cair na farra e na diversão descompromissada do Ramones e ganhar mais dinheiro? Pessoalmente, acho que não. Mark estava certo. Rock é diversão. Fazer algo sério, era para Led, Purple e cia. Realmente não era para alguém com o sobrenome Ramone.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

O Mondo77 é melhor do que o mundo 2007.



Quem acha que a música brasileira não tem mais criatividade e que todas as possibilidades já foram tentadas, com certeza anda olhando para o lado errado. Já faz bastante tempo que o que há de melhor no rock brazuca e na MPB de qualidade está aquartelada em pequenos, porém super competentes selos. Longe da Trama, que cresceu e já disputa mercado com as "Majors", conhecí meio sem querer, como tudo que é bom, o selo musical Mondo 77. O Mondo é uma pequena gravadora que nasceu pensando grande. Surgida em Campinas, interior paulista, como um bar de rock, acabou virando estúdio e cooptando as melhores “novas” bandas do rock tupiniquim, como o Banzé! de São Paulo, o Walverdes, que nem é tão novo assim pra quem conhece o underground sulista, e por fim, o The Violentures, de Campinas, que faz um excelente surfmusic. Com o perdão do trocadilho, o mondo 77 é muito melhor do que o mundo de Ivetes e afins.

terça-feira, outubro 24, 2006

Uma odisséia pelo pop 80’.


As gavetinhas da cômoda chamada música de um passado remoto, não páram de serem reviradas à exaustão. Depois de terem vasculhado o cenário Dark, Góthico e afins e rebatizado de “Emo”, agora é a vez da gaveta do pop dançante 80’. Isso não significa que ainda não a tivessem mexido, caso de The Killers e cia, mas parece que umas acertaram a mão e outras nem tanto. É o caso dos nova-iorquinos do Fischerspooner. Mesmo tendo sido considerado um grande fiasco do Skol Beats 2006, parece que agora acertaram, pelo menos na minha opinião, neste novo CD, o sucessor de "#1", que atende pelo nome de "Odyssey". E o álbum é uma odisséia mesmo pelo pop de qualidade de eras nem tão remotas assim. Tá tudo lá, Depeche Mode, New Order, Duran Duran e outras que você vai descobrindo aos poucos, como por exemplo, Talking Heads. E não é por acaso. Odyssey conta com a participação do próprio David Byrne (Talking Heads). A dupla conseguiu fazer um trabalho, que não supera “#1”, mas tem qualidade, tem guitarras colocadas nos lugares certos e efeitos sutis e arranjos na praia de “Air”, que ficou a cargo do francês Mirways. Tudo isso tornam o CD, no mínimo honesto, perto do que temos entupido nossos ouvidos últimamente.

terça-feira, setembro 26, 2006

Keys To The World. Richard Ashcroft contra o Senhor da Guerra.



Num passado não muito distante, The Verve era a nova salvação do rock inglês, com suas canções perfeitas e letras inteligentes. Passado o furacão da novidade, o The Verve se foi, mas seu mentor anda por aí nos presenteando com música inteligente e politizada em sua bem sucedida carreira solo. Richard Ashcroft, está de volta com seu quarto CD solo, chamado Keys to The World. Um álbum muito bem produzido com baladas bonitas e rocks corretos. As letras são um soco no estômago na atual politica mundial que os Estados Unidos tenta imprimir a todos. São composições que bradam contra o falso moralismo e o neo-conservadorismo americano, tendo como alvo principal o Senhor da Guerra, Mister Bush e sua ignorância e descaso em relação ao planeta. Ashcroft, segue os passos de outro inglês, que em décadas anteriores também ousou levantar sua voz contra o sistema e recrutou um verdadeiro exército em torno de si pela paz. John Lennon talvez tenha enfim deixado um sub-comandante.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Rolling Stone. Em Breve Rolando no Brasil Também.


Já estava virando uma dessas lendas urbanas essa história de uma tal edição brasileira da conceituada e lendária Revista Rolling Stone, até que a Editora Spring resolveu fazer acontecer e nos salvar da mediocridade que assola a mídia impressa musical brasileira. A revista deve ser lançada no próximo mês de outubro nas bancas (cruzem os dedos) com tiragem inicial de 100 mil exemplares, tendo 50% de material americano e 50% de material produzido aqui no Brasil. A equipe parece ainda não estar totalmente definida, mas a editora já negocia espaços publicitários e mídia. Agora é esperar pra ver e ler. Num mercado tão carente de publicações, onde somos obrigados a aguentar coisas como a enfadonha revista da MTV que graças a Deus agora é só para assinantes e a fraca nova geração que comanda a atual Revista Bizz, é mesmo de se admirar a iniciativa da Spring. Que rolem as pedras nas bancas!

sexta-feira, setembro 01, 2006

VMA 2006. Muita festa e pouca música.


Assistindo ontem pela MTV a entrega do MTV Music Award 2006 em Nova York, deu pra ver muita festa e pouca música, pelo menos a de qualidade, parece que ninguém convidou. Os “Emos” como de costume ultimamente andam roubando a cena, acompanhados dos Rappers e das moçoilas do R&B. Foi triste ver lendas vivas como Lou Reed entregar o prêmio de melhor banda de Rock (de rock?!?!?), para os garotos andróginos do A.F.I, que ainda pediam mais espaço para o rock na emissora (rock igual ao deles? Melhor não). Pior ainda: o melhor clip de rock ( mais uma vez de rock!?!?) para os também moderninhos do Panic At The Disco ganhando em cima dos Red Hot Chilli Peppers. O melhor da festa ficou escondidinho ali no canto, aparecendo apenas nos intervalos dos blocos. Talvez o único autêntico representante do velho e bom Rock, Os Raconteurs deram um show, com participação até do velho Billy Gibbons do ZZ Top! A premiação de ontem deixa claro que a MTV caiu na armadilha de que sempre foi contra: a falta de independência. Portanto, está na hora de mudar o canal.

segunda-feira, agosto 21, 2006

The Lake House Original Soundtrack. Música deslocada no tempo.




O novo filme do Diretor Argentino Alejandro Agresti, The Lake House (2006), em nada tem de inovador. Trata-se de um tema até Dejà vu, onde duas pessoas se encontram e se apaixonam em tempos diferentes assim como em outros”espíritas” do gênero. Mas o que realmente chama a atenção desta fita é sua trilha sonora. As cinco primeiras faixas do CD, contém músicas que fazem, nós expectadores, nos deslocar no tempo, juntamente com os personagens. Eu explico: na maioria dos filmes, os diretores e trilheiros se preocupam em montar trilhas que remetam ao clima e ambiente do filme. Exemplo: filmes que são de época, como American Grafitti, de Spielberg, que se passa nos anos 50, trazem músicas daquela época, ou num college movie, tipico dos anos 80, como em Clube dos Cafajestes, temos New Order, Devo, Pretenders, Simple Minds e etc, para criar a atmosfera da história. Neste caso de The Lake house, temos músicas que não pertencem a época em que se passa a trama (entre 2004 e 2006) e sim, climas dos anos 70. Das cincos faixas que não são instrumentais, três remetem há outros tempos. O CD abre com Paul MacCartney com a bela “This never happened before” que apesar de ser de seu trabalho “The Caos and Creation in the Backyard”, de 2005, traz um clima setentista criado por Paul, como em todos seus trabalhos pós-Beatles. A terceira faixa, temos um clássico de Nick Drake, de 1969, chamada “Time has told me”, e na quinta faixa a belíssima “It’s too late” de Carole King do excepcional CD “Trapesty” de 1971. A faixa mais marcante e significativa do filme. Assistindo ao filme, preste a atenção a uma bela frase do pai do personagem Alex, interpretada por Keanu Reeves, quando diz a ele enquanto Keanu olha a coleção de discos de vinil numa prateleira: “Nietzche dizia, que sem música não há vida”. E é examente a música que dá vida a este romance.